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Entenda os sintomas e o diagnóstico do lúpus

O lúpus eritematoso sistêmico (LES ou apenas lúpus) é uma doença autoimune que provoca inflamação crônica. Há dois tipos principais: o cutâneo e o sistêmico.

Fonte: canva.com


A manifestação do lúpus cutâneo é percebida por manchas avermelhadas na pele, principalmente em áreas expostas ao sol como rosto, orelha, colo e braços. O outro tipo chamado sistêmico acomete órgãos internos do paciente e é capaz de atingir qualquer tecido do corpo. Além da pele e das articulações, pode atingir o tecido que reveste os pulmões (plena), o coração (pericárdio) e o cérebro. Muitos pacientes sentem sintomas preponderantes de fadiga, perda de peso e febre.


As crises de lúpus podem ser leves, moderadas ou graves. A maioria dos pacientes tem momentos em que a doença está ativa, seguidos por momentos em que a doença está mais contida - referida como remissão. O foco do tratamento é aumentar a qualidade de vida dos pacientes e ampliar a longevidade.


Cinco fatos para conhecer o lúpus, segundo o Colégio Americano de Reumatologia


  1. O lúpus ocorre dez vezes mais em mulheres do que em homens.

  2. O lúpus pode ocorrer na infância, 20% dos pacientes com lúpus são crianças.

  3. O tratamento depende dos órgãos envolvidos.

  4. O envolvimento dos rins e/ou do cérebro é a manifestação mais grave do lúpus.

  5. A exposição ao sol pode levar a crises de lúpus.

O que se sabe sobre as causas do lúpus


Ainda que os estudos e pesquisas avancem no conhecimento científico da doença, a causa do lúpus é desconhecida. O que se sabe é que é uma manifestação autoimune, ou seja, o sistema imunológico falha na proteção do organismo e ataca os tecidos dos pacientes, com uma perda de “autotolerância”. No lúpus, o ataque leva a uma inflamação significativa e intensa. Sabemos que há fatores que impulsionam a manifestação dos sintomas, incluindo perfil genético, exposições ambientais e características específicas de doença em diferentes órgãos internos. Segundo o Colégio Americano de Reumatologia, o lúpus é mais comum em pessoas de etnia negra e asiática, e tende a desenvolver quadros graves nesses grupos, um forte indicativo genético.


Entenda os sintomas e o diagnóstico do lúpus


O médico reumatologista é o profissional mais capacitado para identificar os sintomas e tratar as doenças autoimunes. Mesmo para os mais experientes, no entanto, o diagnóstico não é tarefa fácil. O lúpus é uma doença que desenvolve um quadro complexo, com múltiplos e sintomas difusos, não específicos para a doença. Entre os sintomas estão dor articular, febre, fadiga, perda de pesoe perda de cabelo. Outros sintomas diversos incluem azia, dor de estômago e má circulação nos dedos das mãos e dos pés.


O exame clínico do médico reumatologista será complementado pela combinação de sintomas relatados pelos pacientes. Entre as reclamações mais observadas estão:


  1. Erupções cutâneas:

  2. Erupção em forma de “asa de borboleta” nas bochechas - conhecida como erupção ou “rash” malar

  3. Erupção cutânea vermelha com manchas redondas ou ovais - conhecida como erupção cutânea discóide (lúpus eritematoso discoide)

  4. Vermelhidão na pele exposta ao sol

  5. Feridas na boca: feridas na boca ou nariz que duram de alguns dias a mais de um mês

  6. Sensibilidade e inchaço nas juntas que duram algumas semanas em duas ou mais articulações

  7. Inflamação do pulmão ou do coração: inchaço do tecido que reveste os pulmões (referido como pleurisia ou pleurite) ou o coração (pericardite), que pode causar dor no peito ao respirar profundamente

  8. Problema renal: sangue ou proteína na urina, ou exames que sugerem função renal deficiente

  9. Problema neurológico: convulsões, derrames ou psicose (um problema de saúde mental)

  10. Exames de sangue anormais, como contagens baixas de células sanguíneas: anemia, glóbulos brancos (leucócitos e linfócitos) baixos ou plaquetas baixas

  11. Resultado positivo de anticorpos antinucleares ou fator antinuclear (FAN): anticorpos que podem fazer com que o corpo comece a atacar a si mesmo que estão presentes em quase todos os pacientes com lúpus

  12. Certos anticorpos anormais: anti-DNA de fita dupla (chamado anti-dsDNA), anti-Smith (conhecido como anti-Sm) ou anticorpos antifosfolípides


Se o médico entender que o paciente tem indicativo de lúpus, pode pedir repetição de exames ou ainda testes complementares antes de iniciar o tratamento.


Como é feito o tratamento para lúpus


O tratamento a ser definido pelo médico tende a ser personalizado de acordo com o caso específico de cada paciente. Sabe-se que não há cura para a doença, considerada crônica. O objetivo do tratamento é melhorar a qualidade de vida do paciente e ampliar a longevidade ao suprimir o sistema imunológico hiperativo e induzir a remissão e prevenir danos permanentes nos órgãos.

As opções de tratamento comuns incluem medicamentos antimaláricos como a hidroxicloroquina, o uso de corticosteroides e imunossupressores, em casos graves de inflamação renal, envolvimento pulmonar ou cardíaco e sintomas do sistema nervoso central. Outros medicamentos são usados para controlar a dor, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), tipo ibuprofeno ou naproxeno.


Os medicamentos devem ser ajustados e periodicamente monitorados pelo médico para controle dos efeitos colaterais. A prednisona, por exemplo, está associada ao aumento do risco de infecção, ganho de peso, estrias, pressão alta, osteoporose (ossos fracos), glaucoma (pressão ocular alta) e catarata. Apesar de agressiva ao organismo, a prednisona tem ação rápida e eficaz para tratar o lúpus ativo e controlar a inflamação para evitar danos ao corpo.


Em 2011, os medicamentos biológicos passaram a ser usados para tratar LES ativo em pacientes. Benlysta mostrou ser eficaz em formas leves de lúpus. Em julho de 2021, o FDA aprovou o Saphnelo (anifrolumabe) como a segunda terapia biológica direcionada para tratar adultos. Os biológicos reduzem os efeitos colaterais, mas são mais caros que os medicamentos padrão.


Ao seguir o acompanhamento regular do médico, a maioria das pessoas com lúpus mantém uma boa qualidade de vida. Para tanto é preciso estabelecer uma ótima e próxima relação médico-paciente e buscar o apoio da família e amigos. Como muitos medicamentos possuem efeitos colaterais, é preciso cuidado para seguir corretamente a prescrição médica. A atividade física leve e moderada também ajuda a manter as articulações flexíveis. Outro comportamento esperado do paciente é evitar a exposição excessiva ao sol, pois pode provocar erupções cutâneas e piora da doença sistêmica. Com a combinação de cuidado médico e autocuidado, os pacientes com lúpus podem manter uma vida saudável e atividades normais no trabalho e lazer.



* Este texto foi produzido com fontes documentais da Sociedade Brasileira de Reumatologia da organização Falando de Lupus e do Colégio Americano de Reumatologia., , além de entrevista com o dr. Claiton Brenol.



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