Tradição familiar

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          A minha trajetória profissional na medicina iniciou em 2000 quando me graduei pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mas percebi com o tempo e a experiência que, de uma certa forma, acompanho a evolução da reumatologia desde criança. O meu pai, Dr. João Carlos Brenol, foi um dos pioneiros na especialidade médica no Rio Grande do Sul. Foi ele quem, na década de 1970, liderou a consolidação do serviço de Reumatologia no Hospital de Clínicas (HCPA), localizado na rua Ramiro Barcelos em Porto Alegre. Me juntei ao serviço mais de 20 anos depois, primeiro como residente depois como médico contratado, pesquisador e Professor Adjunto da UFRGS até assumir o cargo de chefe do serviço em 2017, motivo de imenso orgulho.

 

         Desde a origem, o Serviço de Reumatologia do HCPA se destaca no atendimento de excelência aos pacientes e no desenvolvimento de pesquisas. Ao longo das décadas, foram realizados dezenas de ensaios clínicos com novas moléculas, possibilitando o acesso de pacientes a tratamentos de última geração nas mais variadas áreas, em especial, no tratamento da artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, espondiloartrites, osteoartrite e osteoporose. A unidade também oferece atividades de ensino-aprendizagem voltadas aos alunos da Faculdade de Medicina da UFRGS. Por um período de quatro semanas, os estudantes são recebidos pela equipe com atividades práticas e teóricas, incluindo rounds, seminários e visitas ambulatoriais.  

 

        Na década de 1980, ainda criança, pude acompanhar o meu pai na instalação da Clínica Brenol, na rua 24 de Outubro, número 1312, endereço no qual ainda pude atender meus pacientes durante anos. Lembro de frequentar o consultório do pai e imaginar o dia em que estaria vestindo o jaleco e recebendo os pacientes com a mesma atenção e carinho que enxergava na atitude do Dr. Brenol. Nem podia imaginar, mas a minha formação profissional iniciava ali, no aprendizado infantil e ambiente familiar. 

 

        Os anos de estudante foram de muito aprendizado tanto em sala de aula, quanto no hospital, aonde tive a possibilidade de participar de projetos de iniciação científica sempre com grande interesse pela área da reumatologia como bolsista de pesquisa. Depois de formado, persisti na área de pesquisa clínica (novos medicamentos) e acadêmica. No início dos anos 2000, identifiquei na reumatologia um campo em franca expansão através da medicina baseada em evidências. Quanto mais pesquisas pudéssemos desenvolver, maior a qualidade clínica para atendimento dos pacientes. Com um amplo campo a ser explorado, me dediquei primeiro à minha pesquisa de mestrado, depois de doutorado, ambas no tema artrite reumatoide. Em 2011, ingressei como Professor Adjunto na FAMED/UFRGS e, posteriormente, fui efetivado também professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UFRGS. O amadurecimento da reumatologia no HCPA e na UFRGS tem permitido o estabelecimento de parcerias nacionais e internacionais e a geração de conhecimento científico traduzido em dezenas de publicações científicas indexadas internacionalmente.

 

             Ao longo dos anos, tive a grata oportunidade de empreender projetos pioneiros para melhorar a qualidade do cuidado aos pacientes reumáticos nos setores público e privado. Dentre os vários projetos, gostaria de destacar os seguintes: criação do ambulatório de artrite reumatoide do HCPA em 2006, colaboração na criação do centro de referência em artrite reumatoide da secretaria estadual da saúde no HCPA em 2008, criação e gestão médica do serviço de reumatologia do Hospital Mãe de Deus em 2010 e colaboração na criação e gestão do serviço de reumatologia do Hospital Ernesto Dornelles em 2012.

 

          Hoje associo a minha rotina à prática clínica, à pesquisa e à docência. Acredito que essas atividades se complementam e me tornam um profissional mais completo, mais atualizado e mais protagonista na minha área de atuação. Sinto orgulho da trajetória percorrida não apenas pelo conhecimento adquirido e compartilhado em diferentes esferas, mas principalmente pelo atendimento clínico que me permite acompanhar a evolução dos meus pacientes com o mesmo entusiasmo da criança dos anos 1980, porém com a sabedoria e a formação continuada, imprescindíveis ao profissional médico dos dias atuais.

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